O CORREDOR

Roberto R. da Encarnação, nasci a 12 de março de 1968. Praticante de corrida de rua há apenas 04 anos, tão logo estreei em competição na Corrida Sagrada de 2007 - que tem o mesmo percurso da lavagem do Bonfim - passei a buscar desafios maiores. Favorecido pelo condicionamento adquirido em décadas na prática de pedaladas pelo Brasil afora, em pouco tempo de passadas já havia virado um Maratonista, tendo completado neste curto tempo 05 maratonas e 01 ultra e, para além disso, me tornado um apaixonado por esta arte de seguir em frente colocando um pé adiante do outro.

EXPLICANDO DATA E DESTINO

Nasci e vivo em Salvador e logo com dois meses de competição fui participar de uma prova de rua em comemoração ao aniversário da cidade de Aracaju (17 de março), que tem sua largada na histórica cidade de São Cristovão (antiga capital de Sergipe) e, após 25 km de muito sobe e desce e de grande apoio popular chega-se a Aracaju.

Portanto, a idéia é sair de Salvador no dia 10 de março e, correndo em torno de uma maratona por dia (42,195 metros) chegar em Aracaju no dia 16 de março para no dia seguinte fechar o projeto com chave de ouro participando da 28ª Corrida Cidade de Aracaju.

VAMOS TENTAR JUNTOS?!



sábado, 26 de março de 2011

DESPEDIDA E AGRADECIMENTOS

Aguardando a largada do 1º dia
Há alguns dias venho relutando em escrever este post de encerramento do Blog. Desde os anos 90 que venho criando e realizando projetos semelhantes no cicloturismo, mas a experiência de dividir por meio eletrônico as várias etapas deste Salvador Aracaju Correndo foi muitíssimo gratificante.

O alcance desta mídia era para mim inimaginável, uma possibilidade muito grande de intercâmbio de experiências e conhecimentos, de encontrar pessoas com afinidades tanto ligadas às corridas de ruas quanto ao cicloturismo, novas amizades, amigos nunca mais vistos recontatados, enfim, um extenso rol de coisas maravilhosas que me fez ir adiando a hora do adeus.

São tantas coisas sobre as quais restam ainda falar, que certamente não darei conta de todas elas aqui, mas não poderia finalizar este blog sem fazer alguns especiais agradecimentos.

Agradeço a Deus, que em sua benignidade imerecida e onipresença, segue sempre ao meu lado orientando meus passos e suavizando meu caminho.

Mais uma vez agradeço a Adhemar (post Gênesis, de 05 de janeiro de 2011) por ter me apresentado o maravilhoso mundo da corrida em 2006 (antes eu só pedalava). 

Quando imaginei a possibilidade deste Desafio, Adhemar foi uma das primeiras pessoas com quem dividi a idéia. Foi até engraçado, a gente se preparando para almoçar, compondo cada um seu prato no self service do trabalho, e eu contando empolgado que tinha lido o “50 maratonas em 50 dias” e estava pensando em sair de Salvador, correndo de uma forma que eu chegasse um dia antes da Corrida Cidade de Aracaju, e ele, num tom bem tranquilo, enquanto colocava azeite de oliva no prato:
- Você vai de bicicleta, né velho?!

E eu, tome empolgação, respondendo que não, que tinha uma idéia de fazer tantos kms por dia, tantas horas, tais e tais lugares... rs; e Adhemar, agora já com uma voz diferente e uma expressão incrédula:
- Mas é de bicicleta, né?!

Eu novamente respondi-lhe que não. E os olhos deles diziam: “Esse cara tá maluco!” em meio a um sorriso desconfiado... rs

Pois é. Ao longo dos meses, enquanto ia adequando e desenvolvendo o Projeto vi também a transformação daquele olhar e daquelas palavras. Adhemar não só passou a acreditar como, entre outras coisas, comprometeu-se a estar no primeiro trecho, ofereceu acomodações para o primeiro dia, disponibilizou suas credenciais (CREF) caso fosse necessário enviar o Projeto para algum patrocinador, providenciou banners de divulgação e levou seu filho para ajudar na logística de apoio no trecho em que correu.

“Fazer sonhar é mister se alguém quiser convencer.” (Tuzé de Abreu)

Outra pessoa que também é muito importante para eu estar aqui hoje tão confiante é o Dr. Douglas Horas, quiropraxista.

Em fevereiro de 2008 (havia completado um ano de corrida de rua e já estava totalmente viciado em competições - nunca competi com minha bike) iniciava meus treinamentos para estrear na Maratona de Porto Alegre (maio) quando, após vários episódios de torcicolo, fui orientado a fazer exames de Ressonância Magnética. Ao pegar os resultados, descobri que em meio a todos aqueles palavrões que constavam no Laudo estava escrito que eu tinha 04 hérnias de disco. As primeiras palavras que ouvi do Ortopedista após a abertura do Laudo foram:
- Pare tudo imediatamente! Pare a musculação, a corrida e a bicicleta.

Após responder-lhe que não fazia musculação, disse-lhe da importância que tinha o cicloturismo em minha vida e da recém-chegada corrida. Ele continuou inflexível ordenando-me parada total.

Qualquer pessoa que ame muito o que faz pode imaginar o que representaram para mim aquelas palavras. Saí de lá desnorteado, mas comecei a buscar informações.

Descobri no trabalho um colega que tinha três hérnias, mas jogava futebol regularmente e convivia pacificamente com elas. Pesquisando, descobri várias pessoas com número igual ou superior de hérnias que conseguiam ter uma vida “normal”. Reuni vários exemplos para mostrar ao Ortopedista na próxima consulta, inclusive o caso de Tomaz Lourenço, editor da Revista Contra-Relógio, que estava treinando para sua segunda COMRADES (ultramaratona de 89km na África) e também tinha hérnias de disco.

No reencontro com o Ortopedista, após mostrar-lhe todos os exemplos que reuni a favor dos exercícios físicos, ele sorriu e disse que também poderia me dar dezenas de casos em que a continuidade das atividades físicas deixara a pessoa paraplégica.

Eu já sonhava com a Maratona em maio, então tomei minha decisão.
- Doutor, ainda que venha a parar, só farei isso após a Maratona. Não vou interromper os treinos.

- Por sua conta e risco! – disse-me ele.

Saí de lá meio temeroso com minha resolução, mas se não viesse a sentir dores que me impedissem de correr iria pelo menos fazer uma Maratona.  Entre os esportes que praticava (body pump, cicloturismo e corrida de rua), a corrida era a mais condenada pelo Médico.

Então uma amiga me orientou a procurar o consultório de Quiropraxia do Dr. Conrad, e eu tive a felicidade de ter meu primeiro atendimento com Dr. Douglas.

A quiropraxia consiste no realinhamento das vértebras e do corpo como um todo. Eu já ouvira falar daquela técnica que “estalava” o pescoço de uma forma que parecia querer quebrá-lo e do alívio posterior advindo deste procedimento relatado pelos corajosos pacientes, mas o que encontrei lá com Dr. Douglas foi muito mais que isso.

Entrei na sala e fui logo dizendo das hérnias diagnosticadas, da sentença do médico e de quanto aquilo me afetava, enquanto mostrava os exames ao Dr. Douglas. Ele olhou, olhou e suas primeiras palavras foram essas:
- “Não estou vendo aqui nada que indique parada total ou cirurgia, pelo contrário, você deve permanecer com seu body pump para fortalecer-se.”

E muito pacientemente começou a mostrar-me os exames, apontar o que seriam as hérnias naquelas imagens confusas para mim; ligou o computador e mostrou-me que alguns desgastes estavam muito de acordo com o previsto para minha idade (40 anos, então).  

Não sei se foi a forma convincente e cheia de propriedade que ele sempre tem ao falar dessa verdadeira paixão que é sua profissão ou se era porque ele falava o que eu estava querendo ouvir, mas antes de ir à maca para começar os ajustes propriamente ditos eu já me sentia uma pessoa mais forte e confiante. Os medos foram embora como que por encanto.

Lá no Consultório do Dr. Douglas eu ouvi: “Sim, é possível!”

Passei a me preocupar mais com postura, colchão, travesseiro e pouco tempo depois comecei a praticar Pilates, uma nova paixão em minha vida.

Um ano depois, quando descobri que tinha um Neuroma de Morton no pé esquerdo, passei novamente pela mesma experiência e mais uma vez fui tranqüilizado pelo Dr. Douglas.

Só para constar, nestes dias do Desafio não tive nenhum incômodo da lombar ou do Neuroma. Tenho algum desconforto com o pescoço toda vez que corro por muitas horas (e qual corredor não tem?), mas algo tranquilamente suportável.

Continuando com meus agradecimentos especiais, não poderia ficar de fora minha namorada, a Super “titia” Lalá. Deus uniu meus passos ao desta maravilhosa mulher, linda, inteligente, compreensiva, bondosa, que se preocupa com todos que a rodeiam, carinhosa com meus filhotes. Além de agradecê-Lo só me resta pedir-Lhe iluminação para estar sempre à altura de ser para ela um bom companheiro por essas estradas que almejamos seguir.

Como corrida e titia Lalá apareceram quase que simultaneamente em minha vida, desde o princípio a tenho como cúmplice dos meus passos nesta Arte. Ela, inclusive, sabe tudo que se refere a corrida (longões, fartlek, tempo run, pace, FC, tiros, tipos de pisada, RP etc), mas o conhecimento dela não fica só no teórico; apesar de não ser muito boa em acordar cedo, tem várias provas no currículo (o problema é que ela não gosta de repetir cidade, nem para treino rs). Após estrear nos 06 km na primeira prova do Imbuí em Salvador, correu o Circuito Vênus (5 km) no Rio de Janeiro; 10 km no Circuito Brasil em Maceió e 08 km em Punta Del Leste (enquanto eu corria a prova principal de meia maratona), no  Uruguai.

Em 17 de outubro, numa viagem dominical de bike de Salvador a Santo Estevão (150 km), quando estava a um quilômetro da chegada, sofri um sério acidente que me impediu de correr ou andar de bicicleta por 25 longos dias. Durante estes dias tive muito medo de não voltar a correr.

Ainda sem conseguir andar direito porque o maior prejudicado no acidente havia sido o joelho, que se rompeu e precisou ser suturado, com a ajuda de amigos e sob um monte de conselhos do tipo “ainda tá cedo”, voltei a pedalar no dia 10 de novembro. Que felicidade aquele vento no rosto no comecinho da manhã! A primeira coisa que tive vontade de fazer (e fiz) foi, ignorando o quanto estava cedo, além do natural medo que se fica de cair novamente, ligar para titia Lalá, mostrando o quão feliz eu estava e agradecendo a paciência que ela teve comigo durante todos aqueles angustiantes dias.

No Desafio, a paciência, o companheirismo e a cumplicidade desta mulher foram de fundamental importância para o sucesso.

Dela ouvi algo que me deixou bem “cheio”. Vindo de quem vinha não tinha como não ficar. Já em Aracaju, com o Desafio cumprido, perguntei-lhe (dividi sempre os medos e as vitórias de cada dia) quantos dias mais ela achava que eu ainda aguentaria seguir, caso não houvesse terminado, e assim ela me respondeu:
“Quantos dias você se determinasse a fazê-lo”...

Manifestações de confiança assim trazem pra gente uma necessidade de empenho e comprometimento ainda maiores.

Outra pessoa que não posso deixar de fora nestes agradecimentos é Marcelo Augusti, que além de todas as orientações e planilhas que sempre me dá ao longo desses anos (post Treinamento, de 06 de janeiro de 2011), teve participação decisiva na realização do Desafio ainda este ano, tanto dando força durante os dias em que estive parado por causa do acidente de bicicleta, quanto me fazendo acreditar que mesmo não dispondo mais dos 90 dias para treinar para o evento como havíamos combinado, eu ainda seria capaz de realizá-lo, caso conseguisse retornar às pistas com pelo menos 60 dias antes da data marcada para a largada.

Mr. Running, para mim você é o cara!

É claro que devo agradecimentos a todos que estiveram positivamente envolvidos com este sonho que se tornou realidade e seria muito mais prudente não citar nomes. Mesmo correndo risco de ser traído pela memória preciso destacar ainda pessoas como Alan, que me deu os primeiros toques em relação ao blog, além de ser companhia em diversos treinos ao longo da preparação; Ivan, que além de ser um grande amigo, desde o primeiro momento foi a pessoa  que mais se empolgou com a idéia e tomou para si a função de divulgador do evento; Joel, o motorzinho, que esteve comigo em pelo menos 75% dos treinos, e Gil (o monstro), que apesar de não vir treinando regularmente nos últimos meses, simplesmente foi lá e correu 05 dias comigo (200 km) e ainda mandou ver na Corrida Cidade de Aracaju completando-a em 02 horas (coisas de Gil!)

Muito Obrigado A TODOS!

P.S.: A partir de agora não mais alimentarei este Blog. Acredito que ele foi muito além das expectativas no cumprimento do objetivo para o qual foi gerado.  A experiência para mim foi tão gratificante que resolvi continuar escrevendo e para isso criei um novo Blog.
Ficarei muito feliz se nos reencontrarmos neste novo endereço www.corridaderuaecicloturismo.blogspot.com.   

Abaixo alguns momentos da jornada. Saúde e Paz para todos!

Na fila do banho
Chegando em Massarandupió










Baixio


 









Sítio do Conde




Joel dormindo no Sossego após tarefa cumprida Baixio/Conde







Gil e Joel piscina da Pousada em Baixio



Gil, eu e Pataro passando na divisa SE/BA


Titia Lalá correndo de volta pro carro apos bater foto
vento litoral em Caueira

Corredor paulista registrando nossa chegada em Aju
Carlos e eu no alongamento do dia seguinte na volta pra casa

Pódio particular - 1 Adautro - 2 Carlos - 3 Valdir - 4  Eu 5 - Gil  6- Joel  7- Angela

sexta-feira, 18 de março de 2011

FECHANDO COM CHAVE DE OURO NA CORRIDA CIDADE DE ARACAJU

Na tarde do dia da nossa chegada (16 de março) recebemos a visita, na Pousada em que estávamos hospedados, de Adautro, Valdir e Carlos (todos eles marcaram presença no dia da largada do Desafio), que vieram para disputar os 25 km da Corrida de Aracaju, tendo como "motorista" o filho de Valdir. Foi muito legal, saímos para tomar açaí, contando estórias e dando muitas risadas.
À noite encontrei Edson Barbosa (na Região dos Lagos trotando junto com nada menos que Frank Caldeira), que me disse estar sabendo que tinha uns "malucos" que estavam correndo de Salvador a Aracaju, mas não tinha idéia que eu estava no meio.
Eu, Gil e "Titia" Lalá finalmente assistimos ao hilariante filme "Maratona do Amor" (que trazíamos desde o primeiro dia e não encontrávamos tempo ou disposição para vê-lo), antes de irmos comemorar nosso feito com pizza e sangria na Pizzaria D'Oro.
Ontem, dia 17, era a primeira vez em 07 dias que não tinha obrigação de madrugar. Mas o corpo habituado não me deixou ficar na cama por muito tempo e às 5:00 da manhã já estava de pé. Preparei-me para fazer um trote de meia hora buscando destravar as pernas e chegar menos rígido na Corrida Cidade de Aracaju que se realizaria à tarde. Antes de sair, arrisquei uma passada no quarto de Gil e ele, também já acordado, topou o trote na orla.
Estivemos no Cotinguiba para pegar o kit e lá fomos bastante saudados pelos corredores que já sabiam de nossa viagem e também pelos que ficaram sabendo por lá através de outros atletas ou mesmo através dos jornais. Adhemar, Joel e Ângela já estavam lá. Este ano, pela primeira vez, o chip foi entregue junto com o número de peito, algo que venho solicitando sempre que entro em contato com a Funcaju.
Almoçamos cedo. Descansamos e às 15:00 fomos para a largada na Cidade de São Cristóvão. Para variar cheguei quase em cima da hora (rs). O povo sergipano como sempre estrelou o espetáculo que é esta prova.
Confesso que estava muito curioso em saber como seria meu comportamento nesta prova. Há dias que não conseguia me livrar do ritmo de 9 km/h que é bem distante dos quase 15 km/h a que estou acostumado em provas de média distância. Combinei com Gil de sairmos bem tranquilos tentando acompanhar minha prima Ângela, que tinha chance real de ser pódio, e assim fiz até o km 10, quando a deixei para seguir meu próprio ritmo. Passei os 12 km com 01 hora, festejando mentalmente haver me desgrudado do ritmo necessariamente conservador do Desafio, e para os 13 km restantes gastei exatamente mais 01 hora, perfazendo o total de 01h 59m 49 seg, algo somente em torno de 10 minutos a mais do meu tempo normal. Considerando toda distância percorrida esta semana, realmente foi um fechamento com chave de ouro!
Após a chegada, juntamente com Gil (que também passeou na prova e chegou apenas alguns segundos depois de mim) e Carlos, saímos trotando até encontrarmos Ângela para incentivá-la nos kms finais da prova. A premiação por faixas em Aracaju é até o 5° lugar e nossas maiores esperanças de pódio (Ângela, Adautro e Carlos) acabaram não conseguindo ficar entre os 05. Ainda não vimos o resultado oficial, mas pelos tempos divulgados dos quinto lugares, é muito provável que os três tenham batido na trave e ficado em 06° lugar em suas categorias. Tudo bem galera, ano que vem, se Deus permitir, estaremos de volta.
Boa noite!














quarta-feira, 16 de março de 2011

CAUEIRA - ARACAJU - ETAPA FINAL - 37 KM

 
Clique para assistir os metros finais do Desafio


Meio ansiosos para completar o último dia do Desafio, 4:30 da manhã partimos da Pousada Bella Itália em Caueira. Cumprindo o ritual da última semana, “Titia” Lalá registrou nossa largada e voltou para dormir mais um pouco antes de começar o seu velho e, para nós salutar, trabalho de hidratação e registros.
Com aproximadamente 14 km corridos recebemos a primeira “visita” da “Titia” Lalá, que foi parte fundamental para a obtenção do sucesso desta jornada.
 
 










Alguns quilômetros à frente, no exato momento em que terminamos de percorrer os 1.080 metros da Ponte Joel Silveira, foguetes comemorativos já espoucavam em nossas cabeças. Estávamos em Aracaju, no bairro Mosqueiro, a apenas 15 km da linha de chegada do Desafio: a belíssima Praça dos Arcos em Atalaia.

 











No mês de janeiro, durante a viagem de reconhecimento para dividir as etapas do Desafio, fiz um longão entre Atalaia e Mosqueiro (ida e volta). Agora já estava gritando de contentamento com o incansável parceiro Gil: “eu já corri neste trecho”. 

Direcionamos nossas passadas para a orla e de resto foi só manter o ritmo e apreciar o belo visual, já com aquele aperto no peito ao ver o número de quilômetros faltantes, que já foi de três dígitos, entrar na casa da unidade numa veloz contagem regressiva. Sempre temos essa sensação de que o que é bom dura muito pouco.

Centenas de vezes já entrei nesta cidade pela qual tenho um imenso carinho e admiração; aqui já vim de diversas formas, carro, avião, moto, bicicleta. Não esperava encontrar nenhuma grande novidade já que frequentemente estou em Aracaju. Mas avistar a passarela do caranguejo e adivinhar os Arcos um pouco mais adiante, após 7 dias de corrida nesta direção, fez com que meu coração disparasse de imensa alegria e que as pernas, esquecidas do cansaço da “viagem”, acelerassem ao máximo para que pudéssemos comemorar esta chegada.
Vencemos o Desafio! 

Todo sonho almeja a realidade. Mas o sentimento que nos toma por dentro é bem confuso. Ao gosto da vitória pelo sonho realizado mistura-se a dor da sua despedida. O que nos resta é a esperança de uma ressurreição que o traga de volta, ainda que transmutado, mais forte que nunca, para que sigamos adiante alimentando nossa vida com esse combustível fundamental na busca das realizações.

Agradeço a Deus e a todas as pessoas que Ele usou como instrumento por mais esta meta alcançada!

Amanhã, Aracaju completa 156 anos e é muito bom poder estar aqui e fazer parte desta festa, como não poderia de ser, participando da Corrida Cidade de Aracaju, é claro! rs
 
 











 
















terça-feira, 15 de março de 2011

INDIAROBA - CAUEIRA - 6º DIA - 51 KM

Hoje, pela primeira vez nestes dias, tivemos que dar uma atenção maior ao relógio. Para sair de Indiaroba em direção a Caueira, precisaríamos atravessar o Rio Piauí entre Terra Caída e Porto Cavalo utilizando uma balsa que tem seu primeiro horário às 06:20.

Estando a 18 km da balsa, e como estamos utilizando uma marcha bem confortável (que é o grande lance para manter-se vivo e disposto durante tantos dias seguidos de alta quilometragem), saímos de Indiaroba às 04 da manhã para ter uma margem de tempo...

Como sempre, registramos fotos de largada no mesmo local de chegada do dia anterior (“Titia” Lalá que nunca antes na história da vida dela tinha acordado tão cedo durante tantos dias seguidos, estava lá exercendo uma das suas muitas funções nesta expedição: a de fotógrafa) e partimos para a estrada num breu absoluto, enquanto a Titia Lalá voltava à pousada para dormir mais um pouco.

À nossa passagem íamos despertando muitos cães pelo caminho. Era uma sinfonia ameaçadora de latidos a cada momento que passávamos em algum sítio.  Com 45 minutos entramos, ainda no escuro, no entroncamento de Terra Caída, que é o mesmo de Mangue Seco.

Já íamos com mais de 10 km quando o dia clareou. Algumas conferidas no relógio mostravam que estávamos indo num pace suficiente para não perder o horário da primeira travessia. Se pudesse antever o que estava por vir com certeza nem teria perdido meu tempo com essas preocupações. 

Senta que lá vem estória... rs

Eu havia ficado um pouco pra trás e, por conta de uma barulhenta cachorrada, alguns minutos antes mudara de lado de acostamento. 

De repente vejo Gil lá na frente dar uma disparada gritando: “Vem um grandão aí!”, enquanto atravessava a pista também. Eu, sem nem querer saber o que era, engatei uma marcha de tiro de 400 metros e já tava quase alcançando Gil quando pulou do meio do mato, bem ao meu lado, um cachorro enorme que mais parecia uma onça, com meio metro de dentes pro lado de fora, correndo decididamente em minha direção; parei instantaneamente me atrapalhando todo com um vaso de água que tencionava borrifar na direção do Super Cão (técnica de cicloturista), que por sua vez deteve-se a poucos metros de mim rosnando raivosamente.

Num relance pude ver o olhar apreensivo de Gil. Felizmente a fera virou-se e desistiu do seu desjejum, e eu, após caminhar bem devagar, receoso de despertar nele nova intenção de ataque com minha corrida, assim que me encontrei numa distância mais segura, disparei à toda para sair logo dali antes que ele mudasse de idéia.

Chegamos bem antes do horário da saída da Balsa!


Após a travessia faltavam 33,5 km. Não sei se é uma característica minha, mas este intervalo de tempo (espera da balsa – travessia – desembarque) em vez de funcionar como descanso, acaba fazendo uma quebra de ritmo em que é necessária muita força psicológica para voltar ao pace normal. Acrescente a isso o fato de que o astro rei antes das 07 da manhã já dava mostras que viria mais quente que nunca. Eis aí os ingredientes que tornaram este o dia mais difícil do Desafio.

Com 5 horas e 45 minutos de corrida e de muito líquido ingerido, chegamos em Caueira, na Pousada Bella Itália. Hoje, eu e Gil tivemos mais uma daquelas provas que vão entrar para a galeria de nossos “piores” dias que, diga-se de passagem, nós adoramos. 

Em outra ocasião, quem sabe num próximo blog que não seja tão específico quanto este (estou namorando a idéia de criar outro mais geral), terei o prazer de contar um pouco dessas estórias. 

Amanhã, sob a permissão de Deus, chegaremos em Aracaju, “A festa há apenas começado e já está no fim”, deixando desde já aquele gostinho de saudade.

Se segura Atalaia, “nós vamos invadir sua praia”!

 










 

Praia do Saco




 







Chegada em Caueira
 

segunda-feira, 14 de março de 2011

CONDE - INDIAROBA - 5º DIA - 42 KM

Desde sua concepção o 5º dia do Desafio apresentava dois destaques: o título de pior trecho a ser percorrido, resultado da mistura alta quilometragem com uma grande concentração de ladeiras; e o charme de ser um trecho interestadual, já que cruzaríamos a divisa entre os estados da Bahia e de Sergipe.

Há realmente demasiadas e tenebrosas ladeiras para quem tinha a distância de uma maratona a percorrer. Sair da Bahia e entrar em Sergipe correndo é, sem dúvida, para além de charmoso, uma satisfação muito grande, tanto pelo marco alcançado como pelo prazer de estar nesta terra de gente hospitaleira. Mas o verdadeiro grande destaque do dia leva o nome de Jeferson, mais conhecido como Pataro, seu sobrenome.

Deixa eu contar um pouco dessa estória.

Em Salvador, no bairro da Saúde, às 03 horas da manhã, Pataro entrava em seu carro para vir encontrar conosco no Conde. É importante ressaltar que para ele, dirigir na estrada não é uma coisa comum e muito menos prazerosa. Sempre o ouvi dizendo: “estrada não é a minha”.

Como já tive oportunidade muitas vezes de estar de carona com ele, sei que velocidade, pelo menos em se tratando de automóvel, também não é a dele nem mesmo durante o dia, imaginem à noite.

Às 04 horas fizemos o primeiro contato e ele já estava na altura do Complexo de Sauípe. 5:25 nos encontramos na entrada do Conde e fomos para o Restaurante Recanto do Sossego no Km 158, local de chegada do dia anterior.

5:38, eu, Gil e Pataro demos a largada para um dos melhores dias do endurance. Foram 4:30 de passadas e muitos causos enquanto cobríamos os 41 km de hoje. Até a “Titia” Lalá comentou no final da corrida, que em todos os momentos que ela passou pela gente, no cumprimento da sua missão de nos deixar hidratados, sempre nos surpreendia conversando e rindo.

Meta cumprida, tomamos um banho na Pousada Pereira em Indiaroba. Rapidamente levamos Pataro de volta ao Conde, onde ele pegou seu carro e “acelerou” de volta a Salvador para chegar a tempo de pegar o ônibus  que o leva ao trabalho, às 14:00.

E aí? O cara foi ou não foi o grande destaque do dia?!

 

Agora tenho uma outra coisa para contar que também é de grande importância para o Desafio. Gil, que tinha vindo apenas para o final de semana e conseguiu com a patroa uma prorrogação até hoje, tencionando voltar de carona com Pataro, continua aqui comigo. 

Após um longo telefonema para casa, acompanhado de longe e com grande expectativa por mim e “Titia” Lalá (houve momentos em que achávamos pelo rosto dele que não ia dar certo, outros, que estava tudo resolvido, para logo, mudar tudo de novo), o homem foi liberado para ficar até o final do Projeto. A sensação que tenho agora é que Aracaju ficou muito mais perto.  Eita dia bom! Valeu, Angélica!

Boa noite a todos!
 

 














 





 
 













 










Chegada em Indiaroba-SE