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Aguardando a largada do 1º dia |
Há alguns dias venho relutando em escrever este post de encerramento do Blog. Desde os anos 90 que venho criando e realizando projetos semelhantes no cicloturismo, mas a experiência de dividir por meio eletrônico as várias etapas deste Salvador Aracaju Correndo foi muitíssimo gratificante.
O alcance desta mídia era para mim inimaginável, uma possibilidade muito grande de intercâmbio de experiências e conhecimentos, de encontrar pessoas com afinidades tanto ligadas às corridas de ruas quanto ao cicloturismo, novas amizades, amigos nunca mais vistos recontatados, enfim, um extenso rol de coisas maravilhosas que me fez ir adiando a hora do adeus.
São tantas coisas sobre as quais restam ainda falar, que certamente não darei conta de todas elas aqui, mas não poderia finalizar este blog sem fazer alguns especiais agradecimentos.
Agradeço a Deus, que em sua benignidade imerecida e onipresença, segue sempre ao meu lado orientando meus passos e suavizando meu caminho.
Mais uma vez agradeço a Adhemar (post Gênesis, de 05 de janeiro de 2011) por ter me apresentado o maravilhoso mundo da corrida em 2006 (antes eu só pedalava).
Quando imaginei a possibilidade deste Desafio, Adhemar foi uma das primeiras pessoas com quem dividi a idéia. Foi até engraçado, a gente se preparando para almoçar, compondo cada um seu prato no self service do trabalho, e eu contando empolgado que tinha lido o “50 maratonas em 50 dias” e estava pensando em sair de Salvador, correndo de uma forma que eu chegasse um dia antes da Corrida Cidade de Aracaju, e ele, num tom bem tranquilo, enquanto colocava azeite de oliva no prato:
- Você vai de bicicleta, né velho?!
E eu, tome empolgação, respondendo que não, que tinha uma idéia de fazer tantos kms por dia, tantas horas, tais e tais lugares... rs; e Adhemar, agora já com uma voz diferente e uma expressão incrédula:
- Mas é de bicicleta, né?!
Eu novamente respondi-lhe que não. E os olhos deles diziam: “Esse cara tá maluco!” em meio a um sorriso desconfiado... rs
Pois é. Ao longo dos meses, enquanto ia adequando e desenvolvendo o Projeto vi também a transformação daquele olhar e daquelas palavras. Adhemar não só passou a acreditar como, entre outras coisas, comprometeu-se a estar no primeiro trecho, ofereceu acomodações para o primeiro dia, disponibilizou suas credenciais (CREF) caso fosse necessário enviar o Projeto para algum patrocinador, providenciou banners de divulgação e levou seu filho para ajudar na logística de apoio no trecho em que correu.
“Fazer sonhar é mister se alguém quiser convencer.” (Tuzé de Abreu)
Outra pessoa que também é muito importante para eu estar aqui hoje tão confiante é o Dr. Douglas Horas, quiropraxista.
Em fevereiro de 2008 (havia completado um ano de corrida de rua e já estava totalmente viciado em competições - nunca competi com minha bike) iniciava meus treinamentos para estrear na Maratona de Porto Alegre (maio) quando, após vários episódios de torcicolo, fui orientado a fazer exames de Ressonância Magnética. Ao pegar os resultados, descobri que em meio a todos aqueles palavrões que constavam no Laudo estava escrito que eu tinha 04 hérnias de disco. As primeiras palavras que ouvi do Ortopedista após a abertura do Laudo foram:
- Pare tudo imediatamente! Pare a musculação, a corrida e a bicicleta.
Após responder-lhe que não fazia musculação, disse-lhe da importância que tinha o cicloturismo em minha vida e da recém-chegada corrida. Ele continuou inflexível ordenando-me parada total.
Qualquer pessoa que ame muito o que faz pode imaginar o que representaram para mim aquelas palavras. Saí de lá desnorteado, mas comecei a buscar informações.
Descobri no trabalho um colega que tinha três hérnias, mas jogava futebol regularmente e convivia pacificamente com elas. Pesquisando, descobri várias pessoas com número igual ou superior de hérnias que conseguiam ter uma vida “normal”. Reuni vários exemplos para mostrar ao Ortopedista na próxima consulta, inclusive o caso de Tomaz Lourenço, editor da Revista Contra-Relógio, que estava treinando para sua segunda COMRADES (ultramaratona de 89km na África) e também tinha hérnias de disco.
No reencontro com o Ortopedista, após mostrar-lhe todos os exemplos que reuni a favor dos exercícios físicos, ele sorriu e disse que também poderia me dar dezenas de casos em que a continuidade das atividades físicas deixara a pessoa paraplégica.
Eu já sonhava com a Maratona em maio, então tomei minha decisão.
- Doutor, ainda que venha a parar, só farei isso após a Maratona. Não vou interromper os treinos.
- Por sua conta e risco! – disse-me ele.
Saí de lá meio temeroso com minha resolução, mas se não viesse a sentir dores que me impedissem de correr iria pelo menos fazer uma Maratona. Entre os esportes que praticava (body pump, cicloturismo e corrida de rua), a corrida era a mais condenada pelo Médico.
Então uma amiga me orientou a procurar o consultório de Quiropraxia do Dr. Conrad, e eu tive a felicidade de ter meu primeiro atendimento com Dr. Douglas.
A quiropraxia consiste no realinhamento das vértebras e do corpo como um todo. Eu já ouvira falar daquela técnica que “estalava” o pescoço de uma forma que parecia querer quebrá-lo e do alívio posterior advindo deste procedimento relatado pelos corajosos pacientes, mas o que encontrei lá com Dr. Douglas foi muito mais que isso.
Entrei na sala e fui logo dizendo das hérnias diagnosticadas, da sentença do médico e de quanto aquilo me afetava, enquanto mostrava os exames ao Dr. Douglas. Ele olhou, olhou e suas primeiras palavras foram essas:
- “Não estou vendo aqui nada que indique parada total ou cirurgia, pelo contrário, você deve permanecer com seu body pump para fortalecer-se.”
E muito pacientemente começou a mostrar-me os exames, apontar o que seriam as hérnias naquelas imagens confusas para mim; ligou o computador e mostrou-me que alguns desgastes estavam muito de acordo com o previsto para minha idade (40 anos, então).
Não sei se foi a forma convincente e cheia de propriedade que ele sempre tem ao falar dessa verdadeira paixão que é sua profissão ou se era porque ele falava o que eu estava querendo ouvir, mas antes de ir à maca para começar os ajustes propriamente ditos eu já me sentia uma pessoa mais forte e confiante. Os medos foram embora como que por encanto.
Lá no Consultório do Dr. Douglas eu ouvi: “Sim, é possível!”
Passei a me preocupar mais com postura, colchão, travesseiro e pouco tempo depois comecei a praticar Pilates, uma nova paixão em minha vida.
Um ano depois, quando descobri que tinha um Neuroma de Morton no pé esquerdo, passei novamente pela mesma experiência e mais uma vez fui tranqüilizado pelo Dr. Douglas.
Só para constar, nestes dias do Desafio não tive nenhum incômodo da lombar ou do Neuroma. Tenho algum desconforto com o pescoço toda vez que corro por muitas horas (e qual corredor não tem?), mas algo tranquilamente suportável.
Continuando com meus agradecimentos especiais, não poderia ficar de fora minha namorada, a Super “titia” Lalá. Deus uniu meus passos ao desta maravilhosa mulher, linda, inteligente, compreensiva, bondosa, que se preocupa com todos que a rodeiam, carinhosa com meus filhotes. Além de agradecê-Lo só me resta pedir-Lhe iluminação para estar sempre à altura de ser para ela um bom companheiro por essas estradas que almejamos seguir.
Como corrida e titia Lalá apareceram quase que simultaneamente em minha vida, desde o princípio a tenho como cúmplice dos meus passos nesta Arte. Ela, inclusive, sabe tudo que se refere a corrida (longões, fartlek, tempo run, pace, FC, tiros, tipos de pisada, RP etc), mas o conhecimento dela não fica só no teórico; apesar de não ser muito boa em acordar cedo, tem várias provas no currículo (o problema é que ela não gosta de repetir cidade, nem para treino rs). Após estrear nos 06 km na primeira prova do Imbuí em Salvador, correu o Circuito Vênus (5 km) no Rio de Janeiro; 10 km no Circuito Brasil em Maceió e 08 km em Punta Del Leste (enquanto eu corria a prova principal de meia maratona), no Uruguai.
Em 17 de outubro, numa viagem dominical de bike de Salvador a Santo Estevão (150 km), quando estava a um quilômetro da chegada, sofri um sério acidente que me impediu de correr ou andar de bicicleta por 25 longos dias. Durante estes dias tive muito medo de não voltar a correr.
Ainda sem conseguir andar direito porque o maior prejudicado no acidente havia sido o joelho, que se rompeu e precisou ser suturado, com a ajuda de amigos e sob um monte de conselhos do tipo “ainda tá cedo”, voltei a pedalar no dia 10 de novembro. Que felicidade aquele vento no rosto no comecinho da manhã! A primeira coisa que tive vontade de fazer (e fiz) foi, ignorando o quanto estava cedo, além do natural medo que se fica de cair novamente, ligar para titia Lalá, mostrando o quão feliz eu estava e agradecendo a paciência que ela teve comigo durante todos aqueles angustiantes dias.
No Desafio, a paciência, o companheirismo e a cumplicidade desta mulher foram de fundamental importância para o sucesso.
Dela ouvi algo que me deixou bem “cheio”. Vindo de quem vinha não tinha como não ficar. Já em Aracaju, com o Desafio cumprido, perguntei-lhe (dividi sempre os medos e as vitórias de cada dia) quantos dias mais ela achava que eu ainda aguentaria seguir, caso não houvesse terminado, e assim ela me respondeu:
“Quantos dias você se determinasse a fazê-lo”...
Manifestações de confiança assim trazem pra gente uma necessidade de empenho e comprometimento ainda maiores.
Outra pessoa que não posso deixar de fora nestes agradecimentos é Marcelo Augusti, que além de todas as orientações e planilhas que sempre me dá ao longo desses anos (post Treinamento, de 06 de janeiro de 2011), teve participação decisiva na realização do Desafio ainda este ano, tanto dando força durante os dias em que estive parado por causa do acidente de bicicleta, quanto me fazendo acreditar que mesmo não dispondo mais dos 90 dias para treinar para o evento como havíamos combinado, eu ainda seria capaz de realizá-lo, caso conseguisse retornar às pistas com pelo menos 60 dias antes da data marcada para a largada.
Mr. Running, para mim você é o cara!
É claro que devo agradecimentos a todos que estiveram positivamente envolvidos com este sonho que se tornou realidade e seria muito mais prudente não citar nomes. Mesmo correndo risco de ser traído pela memória preciso destacar ainda pessoas como Alan, que me deu os primeiros toques em relação ao blog, além de ser companhia em diversos treinos ao longo da preparação; Ivan, que além de ser um grande amigo, desde o primeiro momento foi a pessoa que mais se empolgou com a idéia e tomou para si a função de divulgador do evento; Joel, o motorzinho, que esteve comigo em pelo menos 75% dos treinos, e Gil (o monstro), que apesar de não vir treinando regularmente nos últimos meses, simplesmente foi lá e correu 05 dias comigo (200 km) e ainda mandou ver na Corrida Cidade de Aracaju completando-a em 02 horas (coisas de Gil!)
Muito Obrigado A TODOS!
P.S.: A partir de agora não mais alimentarei este Blog. Acredito que ele foi muito além das expectativas no cumprimento do objetivo para o qual foi gerado. A experiência para mim foi tão gratificante que resolvi continuar escrevendo e para isso criei um novo Blog.
Abaixo alguns momentos da jornada. Saúde e Paz para todos!
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Na fila do banho |
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Chegando em Massarandupió |
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Baixio |
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Sítio do Conde |
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Joel dormindo no Sossego após tarefa cumprida Baixio/Conde |
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Gil e Joel piscina da Pousada em Baixio |
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Gil, eu e Pataro passando na divisa SE/BA |
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Titia Lalá correndo de volta pro carro apos bater foto |
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vento litoral em Caueira |
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Corredor paulista registrando nossa chegada em Aju |
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Carlos e eu no alongamento do dia seguinte na volta pra casa |
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Pódio particular - 1 Adautro - 2 Carlos - 3 Valdir - 4 Eu 5 - Gil 6- Joel 7- Angela |