Já revelei aqui ter sido o Dean Karnazes a minha inspiração para imaginar este Desafio. Estou relendo "50 maratonas em 50 dias. Segredos que aprendi correndo" e mesmo tendo intencionalmente um olhar mais direcionado a detalhes práticos que são passados em meio ao texto, é impressionante a forma como o livro segue me abastecendo de sonhos para novas empreitadas, mas isso é assunto para outra hora. Neste momento queria aproveitar para contar um fato que não mencionei no post "DEAN KARNAZES: A Inspiração", de 03 de janeiro de 2011:
No primeiro mergulho no livro de "Karno", logo percebi que iria gostar daquilo. Na metade das páginas, familiarizado com seu formato e já profundamente apaixonado pelo livro, tive a curiosidade de voltar ao primeiro capítulo para ver o dia em que ele havia começado as 50 maratonas, quando vi a data, 17 de setembro de 2006. Meu Deus! Não acreditei, liguei para um monte de gente para quem eu já havia falado do livro para contar a emblemática "coincidência": era exatamente o mesmo dia em que eu havia começado a correr.
Entrego a vocês um trecho do Capítulo XVII - A PRIMEIRA VEZ NINGUÉM ESQUECE:
"Cruzar a linha de chegada de uma maratona pela primeira vez é um momento com consequências para toda a vida. Ao fazê-lo, prova-se algo para si mesmo que jamais será tirado. Deixa-se o evento com sinais evidentes de que se é forte, jovial e corajoso. Uma coisa é imaginar que se tinha capacidade para correr uma maratona; outra bem diferente é saber, porque o fez. As primeiras maratonas são imensamente desafiadoras, até mesmo para os corredores mais talentosos. Quarenta e dois quilômetros são um longo caminho a percorrer, para qualquer pessoa. A partir do momento em que se é capaz de assumir e superar um desafio de tais proporções, os benefícios são certos - na forma de confiança, respeito próprio e coragem -, e nunca desaparecem.
Mesmo que o processo de treinamento para uma maratona não seja extremamente estimulante para a saúde, ainda assim sugeriria a todos que corressem pelo menos uma maratona, apenas pelos efeitos poderosos que provoca na mente e no espírito. Afinal, não passamos a maior parte da vida duvidando de nós mesmos, pensando que não somos bons o suficiente, fortes o suficiente, não fazemos o certo? A maratona proporciona a oportunidade de encarar essas dúvidas. Ela tem uma forma de analisar o contexto da nossa própria essência, eliminando todas as barreiras protetoras e expondo nossa alma. A maratona diz que o prejudicará, que você ficará desmoralizado e derrotado como um amontoado inerte ao lado da estrada. Ela diz que não pode ser feita - não por você. Ah!, ela zomba de você. Somente nos seus sonhos!
Então, você treina pesado; dedica-se de todo o coração; sacrifica-se e supera os inúmeros pequenos desafios ao longo do caminho. Deposita tudo que conseguiu nela. Mas sabe que a maratona exigirá muito mais de você. Nas profundezas escuras da mente uma voz pessimista está dizendo: você não consegue. Você se esforça ao máximo para ignorar essa insegurança, mas a voz não o abandona.
Na manhã da primeira maratona, a voz da dúvida se multiplica, tornando-se um coro completo. Na altura do quilômetro 30, esse coro está gritando tão alto que é só o que você consegue escutar. Os músculos doloridos e esgotados imploram que você pare. Você deve parar. Mas você não pára. Dessa vez ignora a dúvida; ignora aquele que diz que você não é bom o suficiente, e só ouve a paixão no seu coração. Esse desejo ardente diz para continuar, para colocar um pé audaciosamente à frente do outro, e em algum lugar você encontra a força de vontade para fazê-lo.
A coragem surge de diversas formas. Hoje você descobre a coragem para continuar tentando, para não desistir, por mais terríveis que as coisas se tornem. E elas se tornam terríveis. Na marca do quilômetro 40, você quase não conseguirá ver mais o percurso - a visão se torna vaga e vacilante ao mesmo tempo que a mente oscila nos limites da consciência.
E então, repentinamente, a linha de chegada floresce à sua frente, como um sonho. Um nó se forma na garganta durante o percurso daqueles poucos passos finais. Agora, você finalmente consegue responder à irritante voz com um inequívoco Sim, eu posso!
Sua explosão ao cruzar a linha de chegada, cheio de orgulho, para sempre livre da prisão da insegurança e das limitações autoimpostas que o mantiveram prisioneiro. Você aprendeu mais sobre si mesmo nos últimos 42 quilômetros do que em qualquer outro dia de sua vida. Mesmo que não consiga andar mais tarde, você nunca foi tão livre. Completar uma maratona é mais do que apenas algo que se ganha; um maratonista é alguém em quem você se transforma.
Enquanto estiver sendo ajudado na linha de chegada, envolto em um cobertor fino de Mylar, mal conseguindo levantar a cabeça, você está em paz. Nenhuma luta, dúvida ou fracasso futuros podem remover o que realizou hoje. Você fez o que poucos farão - o que pensou jamais conseguir fazer - e é o despertar mais glorioso e inesquecível. Você é um maratonista e usará essa distinção não na lapela, mas no coração, para o resto da vida".
Por que correr? perder peso? pagar promessa? vencer a prova ou apenas completá-la? ganhar um beijo da(o) namorada(o)? superar o (a) colega de trabalho? Enfim, como diz o próprio Dean Karnazes "no que diz respeito à motivação, encontre-a onde for possível".
A Revista Contra-Relógio, que há alguns anos organiza o Ranking Brasileiro dos Maratonistas, com certeza é uma grande fonte de motivação para muito corredores, haja vista o grande número de pessoas que cruzam a linha de chegada exclamando: "Entrei para o Ranking!". Para conseguir o Diploma é necessário fechar uma maratona brasileira oficial dentro dos tempos-limite de cada faixa etária, conforme se pode ver na tabela ao lado. É efetivamente um ranking seletivo, mas acessível a todos que se preparam razoavelmente para enfrentar os 42,195km de uma maratona.
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